Além do Hodierno ...

A fotografia auxilia no descondicionamento do olhar de modo em que as pessoas percebam coisas, lugares, objetos e momentos de maneira diferente, porque ali na fotografia você tem um foco na imagem, você tem um registro, e percebemos de maneira mais intensa e detalhista. Quando estamos apenas passando por tal lugar ou momento não reparamos tudo, não vemos detalhes ou talvez algo que possa ser lindo, talvez pela pressa ou falta de atenção e ou até mesmo falta de interesse ou também por ser somente um momento, porque como Diego kuffer diz que uma das dificuldades do ser humano é não conseguir perceber a passagem do tempo, mas daí quando se trata de uma foto, quando a gente ver com certeza vamos observar tudo que está nela pra encontrarmos algo que vá fazer torna-la bonita e interessante.

O meu tema escolhido foi a antiga ponte que liga a cidade de Timóteo à Coronel Fabriciano. Ela está localizada na Avenida Presidente Tancredo Neves. Apesar de ser considerado um antigo trecho da 381, ela não deixou de existir... Afinal ela sempre vai ser a 381, pelo menos até o momento. Escolhi esta parte da 381 pois considero um trecho importante, que retrata, une e transmite a história entre as cidades.

Ao fotografar a antiga ponte, senti uma grande emoção. Emoção que despertou diferentes sentimentos, bons e ruins, pois este trecho foi responsável por unir histórias, pessoas e famílias, sejam daqueles que estavam apenas de passagem ou daqueles que precisavam passar pela ponte como forma de sustento de sua família.

Com certeza fez e faz parte da história do vale do aço e isso é algo bom, consideravelmente positivo por eu ter presenciado isso durante anos, e por está retratando isso hoje; mas ao mesmo tempo me traz uma emoção de tristeza muito forte, porque histórias vão ser perdidas.

O interessante seria que ela fosse reconhecida como parte da história mas que ao contrário dela ser desativada o seu uso teria que permanecer porém não se deve "mascarar" os seus defeitos remendando.

Um ponto intrigante e ao mesmo tempo bem provocativo no meu ponto de vista tem dois lados como já havia comentado, bom e ruim.

o ruim é o fato de obviamente a destruição da ponte, pois está trincada e corre o risco de desabar certamente, e ocasionará o fechamento da Br naquele trecho, aliás já houve o impedimento de veículos pesados mas não se teve respeito e nem tão pouca consideração. O lado bom é que aquilo ali se tornará um ato histórico, não necessariamente um ato, mas um lugar histórico na região, digamos, e também claro uma arte, porque não?

Mas invertendo as idéias e transformando somente em uma, o ponto negativo pode se tornar bom pelo fato dessa situação virar uma arte , com a paralisação da utilização da ponte e tornando ali talvez não no momento mas quem sabe daqui uns anos um trecho histórico da Br 381, e claro uma arte nos olhos de quem sabe enxergar e sentir!

O lado bom disso tudo se tornará ao mesmo tempo ruim porque claramente aquele pedaço da br 381 vai parar de existir ,e tornará só uma lembrança , e a Avenida Presidente Tancredo Neves nunca será a mesma sem a existência daquele pedacinho que fez parte de tantos anos da nossa região.

Poderia resolver o problema com alguma restauração, mas a população daqui não soube olhar isso profundamente e com outros olhos. Para muitos aquela ponte é só mais uma ponte, mas pra quem sabe enxergar fundo, aquela ponte é sim mais uma ponte, mas, mais uma ponte que ficará dentro da história de Minas Gerais quem sabe. O importante é que eu estive ali, retratei algo que provavelmente vai ser história daqui uns tempos, história pros meus filhos e quem sabe para os seus!

E durante esse processo de análise escolhi o fotógrafo americano Gordon Matta Clark, pois, ao ver suas fotos percebi uma grande semelhança com o tema que escolhi, visto que grande parte de suas obras eram feitas em locais abandonados, onde via-se locais com rachaduras em paredes, pisos, tetos, etc. Porem me pergunto até que ponto isso pode ser bonito, pois, ao analisar as fotos de Gordon pude sentir e ver uma beleza em suas fotografias, bonitos desastres, arte com outros olhares, olhares talvez intensos, mas rude e seco. Porem, quando vejo as fotos que tirei me senti triste pois vão ser histórias que serão perdidas, que como eu disse é importante o reconhecimento da ponte em si na história mas seu uso talvez deveria permanecer, mas sem esconder e tentar camuflar seus defeitos, e sim solucioná-los; mas ao contrário disso além da tristeza senti uma emoção boa por virar uma arte, uma história no qual cada rachadura daqui alguns anos tornará traços de arte feitas pelo destino!